Skip to main content
ArtigosEntrevistaIluminação

Como a Iluminação Certa Pode Transformar Sua Casa

By 03/01/2023julho 4th, 2025No Comments

A luz tem o poder de criar, transformar e revelar a alma de um ambiente. Com ela, consigo fazer um espaço parecer maior, mais acolhedor, mais dramático ou mais funcional. Costumo dizer que dominar a luz é, em essência, dominar a própria percepção do espaço.

Nós entendemos a iluminação não como um mero detalhe técnico, mas como um elemento central da Arquitetura e do Design. Para compartilhar essa visão com vocês, decidi resgatar e aprofundar alguns insights de uma entrevista que dei para a revista Simonetto em 2015. São princípios fundamentais sobre a arte de iluminar que, hoje, se mostram mais atuais e essenciais do que nunca.

O Princípio Fundamental: Iluminação como Ferramenta de Cenografia

A pergunta mais importante que faço no início de um projeto luminotécnico não é “onde colocar os pontos de luz?”, mas sim “que sensações e usos queremos para este espaço?”. Como eu sempre destaco, através da iluminação, consigo criar diferentes cenários no mesmo ambiente.

Pense na sua sala de estar. Com um plano de luz bem pensado, ela pode se transformar:

  • Cenário de Leitura: Uma luz focada e confortável sobre a sua poltrona favorita.
  • Cenário de Cinema: Uma iluminação suave e indireta, que não cria reflexos na tela.
  • Cenário Social: Uma luz geral, porém acolhedora, que estimula a conversação.

Um bom projeto luminotécnico, para mim, é aquele que prevê a vida que acontece nos espaços, oferecendo a luz certa para cada momento.

Como Valorizo Obras de Arte, Painéis e Revestimentos Especiais

Iluminar um objeto ou uma parede com textura é um dos meus recursos preferidos para adicionar sofisticação a um projeto. No entanto, é algo que exige técnica e um olhar cuidadoso.

O Cuidado Essencial com o Objeto Iluminado

“Uma das preocupações que se tem que ter ao iluminar objetos decorativos é o tipo da luz, a intensidade e a emissão de calor”. Esse é um ponto que sempre alerto aos meus clientes. Luzes inadequadas podem emitir calor (radiação infravermelha) e raios UV que, com o tempo, danificam e desbotam obras de arte, fotografias e tecidos.

Felizmente, a tecnologia de LED, que eu já indicava em 2015 e hoje está totalmente consolidada, resolveu este problema. Para mim, os LEDs são a escolha ideal por sua baixíssima emissão de calor e UV, alta durabilidade, eficiência energética e pela imensa versatilidade de cores e intensidades que me permitem trabalhar.

A Escolha Estratégica: Luz Direta vs. Indireta

Minha decisão entre usar uma luz direta ou indireta depende inteiramente do efeito que busco criar:

  • Luz Direta: Que consigo com spots direcionáveis, é perfeita para criar um facho de luz focado. Com ela, eu gero contraste, destaco um quadro ou escultura na parede e crio um ponto de interesse imediato.
  • Luz Indireta: Quando rebato a luz em uma superfície (como uma sanca de gesso ou a parte de trás de um painel), ela se espalha pelo ambiente de forma suave e difusa. É a minha escolha para criar uma atmosfera relaxante, proporcionar aconchego e valorizar grandes superfícies, como uma parede com papel de parede texturizado, sem gerar ofuscamento.

A Dança da Luz com os Materiais

Eu costumo dizer que “cada material tem um comportamento diferente sob a luz”. Um papel de parede com brilho acetinado pode criar reflexos indesejados se eu o iluminar diretamente, enquanto um papel fosco e texturizado ganha uma profundidade incrível com uma luz rasante (instalada rente à parede). Um painel de madeira é valorizado por uma luz quente, que realça seus veios naturais. Analisar tecnicamente essas interações é o segredo.

Minhas 5 Dicas de Ouro para Não Errar

Com base na minha experiência, resumi minha filosofia de um bom projeto luminotécnico em alguns conselhos práticos que sempre compartilho:

  1. Minha Dica de Ouro: Contrate um Especialista. Pode parecer óbvio, mas é o mais importante. “A dica principal é sempre procure um especialista, pois cada ambiente tem suas peculiaridades”. Somente um profissional poderá analisar todas as variáveis – luz natural, pé-direito, cores, materiais, usos – para criar uma solução que eu chamaria de “alfaiataria da luz”, totalmente personalizada e eficiente.
  2. Pense em Camadas de Luz. Eu nunca dependo de um único ponto de luz no teto. O ideal é sobrepor camadas: uma luz geral e suave para o ambiente, uma luz de destaque para valorizar seus objetos preferidos e uma luz de tarefa para atividades específicas.
  3. Controle a Intensidade. A capacidade de dimerizar (controlar a intensidade) as luzes é o que, de fato, permite que você seja o “diretor de cena” do seu próprio espaço. É um investimento que, na minha opinião, transforma completamente a usabilidade e o conforto de um lar.
  4. Crie Contrastes e Destaques. Iluminar, para mim, significa também escolher o que não iluminar. Gosto de usar a luz focal para “esculpir” os objetos no ambiente, tirando-os da sombra e dando-lhes o protagonismo que merecem.
  5. Observe e Teste. A luz se comporta de maneiras diferentes ao longo do dia. Eu sempre incentivo meus clientes a observar como os materiais, as cores e os móveis reagem sob a luz natural e a testar diferentes combinações de luz artificial à noite. A melhor solução nasce dessa observação sensível.

A Sincronia Perfeita: Iluminação Geral e Destaque em Harmonia

No final, um projeto luminotécnico de excelência não é sobre “iluminar tudo”, mas sobre saber o que iluminar e o que deixar na penumbra. A luz geral e a luz de destaque não são sistemas separados; elas compõem uma única sinfonia, que eu rejo para sincronizar com a luz do sol, com a arquitetura e, claro, com o seu modo de viver.

É essa complexidade e essa sensibilidade que transformam um simples projeto de iluminação em um verdadeiro projeto luminotécnico, uma especialidade que eu e minha equipe na una design temos orgulho de dominar.

Qual a melhor temperatura de cor (luz branca ou amarela) para uma casa?

Para áreas de descanso e convívio, como salas e quartos, eu sempre recomendo a luz “amarela” ou quente (entre 2700K e 3000K), pois ela promove relaxamento e aconchego. Para áreas de trabalho, como cozinhas e escritórios, a luz “branca” ou neutra (em torno de 4000K) pode ser uma opção. No entanto, minha preferência para projetos residenciais é criar uma base de luz quente para garantir o conforto visual em todos os ambientes.

Iluminação para quadros deve vir de onde? Do teto ou da parede?

Ambas as opções são possíveis, e minha escolha depende do estilo do ambiente e do efeito que busco. Spots de teto são muito versáteis e me permitem ajustar o foco caso o quadro mude de lugar. Arandelas de parede específicas para quadros, por outro lado, fornecem uma iluminação mais clássica e uniforme. O mais importante, para mim, é sempre garantir que o facho de luz cubra toda a obra e que a lâmpada seja de LED, para não danificar a peça.

Daniel Oliveira

Designer de interiores, Engenheiro Civil e Pós Graduado Master em Arquitetura.